Um estudo apresentado pela revista Pollstar, especializada em música, mostra que a pandemia afetou severamente a indústria de shows. O relatório aponta que, levando em consideração toda a cadeia envolvida, como patrocínios, venda de merchandising, ingressos, bebidas e alimentação, 2020 deixou de arrecadar cerca de US$ 30 bilhões, no segmento de shows.
O relatório da Pollstar leva em consideração as principais atrações que ocorreriam durante o ano e os números obtidos no primeiro trimestre, no momento pré-pandemia. Para a publicação, o que poderia ter sido um ano recorde para a indústria do entretenimento ao vivo, acabou sendo uma desilusão.
No primeiro trimestre do ano, a venda de ingressos para as principais turnês de artistas do mundo, já mostravam um crescimento de 10,9%, em relação ao mesmo período de 2019. A partir dessas informações, o estudo aponta que, caso a pandemia não tivesse ocorrido, o lucro apenas com vendas de ingressos para turnês e festivais ao redor do mundo, poderia ter sido de mais de US$ 12 bilhões.
Para se ter uma ideia da queda, os shows ao vivo que ocorreram até 15 de março geraram uma receita bruta de US$ 2,5 bilhões, com 37 milhões de ingressos comprados. Após essa data, o faturamento atingiu US$ 37 milhões, com 988.876 ingressos vendidos no mundo inteiro.
“Tem sido um ano extraordinariamente difícil para a indústria de eventos, que foi desproporcionalmente impactada pelo coronavírus. Por mais doloroso que seja a crônica das adversidades e perdas que nossa indústria e muitos de nossos colegas enfrentaram, entendemos que é um empreendimento crítico para facilitar nossa recuperação, que felizmente está no horizonte “, afirmou Ray Waddell, presidente da Divisão de Mídia e Conferências do Oak View Group, que gerencia a Pollstar.
EXPECTATIVAS PARA 2021
Atualmente, alguns locais não podem funcionar, alguns funcionam, mas não podem ter música, outros são capazes, mas apenas com capacidade limitada, e outros podem, mas apenas fora. A velocidade de retorno dos eventos ao vivo é, portanto, afetada por restrições em nível local.
Enquanto as vacinas estão chegando aos poucos, com planos de vacinação sendo divulgados pelos governos dos mais diversos países do mundo, o retorno seguro de eventos ainda fica muito incerto.
De acordo com a Pollstar, muito girará em torno de grandes festivais como o Coachella, que dão estrutura às agendas de turnês de muitos artistas. “Havia padrões que todos faziam em torno de datas âncoras, são âncoras financeiras, são os pilares do seu ano quando você lança um disco ou quaisquer que sejam seus ativos naquele ano”, afirmou Amy Madrigali, que agencia o Troubadour em Los Angeles e já trabalhou como agente na The Billions Corp.
Com a vacina provavelmente não disponível para a maioria do público que vai aos shows até a primavera do hemisfério norte, é improvável que uma versão em escala real do Coachella possa ser usada em abril, como é o plano oficial atual.
Há quem aposte em festivais grandes já para o verão do hemisfério norte (inverno no Brasil), com ênfase para eventos em espaços abertos.
“Quanto tempo esperamos passivamente para retomar os negócios normalmente? Um ano? Dois anos? A maioria das empresas irá à falência nos próximos meses se não houver algum tipo de alívio. Podemos estar com restrição de capacidade no futuro próximo, e é por isso que decidimos projetar um sistema que possa realizar eventos de tamanho limitado com segurança. Quanto a descobrir as métricas de quando as coisas estão seguras, acho que nossa experiência pode fornecer uma visão sobre como os eventos ao vivo podem começar a ser retomados com segurança”, falaram à Pollstar os promotores Brett Herman e Thimoty Monkiewicz.
Enquanto isso, há pessoas, como Jon Ollier, da One Fiinix Live, que espera que um retorno aconteça gradualmente em vários níveis até que finalmente volte às métricas de 2019.
“Nada vai ser uma solução no sentido de que vai substituir as turnês. Mas todas essas coisas, sejam as coisas virtuais online, os shows socialmente distantes, os shows da Unity Arena que eles fizeram em Newcastle – que foram fantásticos, a propósito – eles serão os blocos de construção com os quais podemos voltar a normalidade. Os próximos 12 meses, provavelmente, serão um caso de tentar um pouco aqui e tentar um pouco ali. Essas coisas individuais não vão ser a resposta, mas coletivamente são todas as ferramentas que podemos usar para construir o nosso caminho para sair disso. ”