Como começar uma banda (parte 1)

Por Sérgio Pereira Couto – jornalista e assessor de imprensa para bandas

Começar uma banda não é tão fácil como alguns creem. Não se trata apenas de juntar pessoas que tocam. A alquimia por trás disso é mais profunda e requer que se atente a detalhes que, a princípio, parecem fúteis, mas que mais para frente vão ajudar. E muito.

A partir de experiências pessoais, e acrescentando dados que colhi ao longo de dez anos assessorando bandas aspirantes, juntei uma série de dicas que serão úteis para você, que está pensando em dar os primeiros passos em estúdio ou no palco.

Considere este o primeiro de muitos artigos, onde tenciono montar um guia que, não precisa ser seguido ao pé da letra, mas que vai orientá-lo na escolha e organização de sua banda. Então sente-se, relaxe e anote os detalhes a seguir.

Há quem os considere evidentes. Mas acredite: muitas bandas esbarram nesses detalhes e acabam antes mesmo de começar. Se você tem alguma dúvida mais profunda e específica, basta entrar em contato. Mas com o que será descrito a seguir, já dá para começar.

Batizando a banda

Nunca comece uma banda com um nome. Eu explico: o grupo necessita ser moldado em cima das experiências e gostos dos participantes. Nunca comece com um nome já definido: tenha, no máximo, um nome temporário ou de trabalho.

À medida que os integrantes entram ou mesmo saem, o repertório e o estilo podem mudar radicalmente, seja para uma banda cover, autoral ou mesmo mista (que misture os dois tipos anteriores). Se você começa com um nome pré-definido, dá um ar autoritário e já “engessa” o grupo numa direção que pode desagradar os demais integrantes.

Não se preocupe com nomes neste primeiro passo: a atenção deve estar voltada para a escolha do repertório e como os componentes se relacionam musicalmente. Se fizer muita questão, basta colocar algo apenas “para inglês ver”.

Algumas bandas (os Rolling Stones, por exemplo) se apegaram ao nome instantaneamente e ficaram com ele. Muitos outros, no entanto, precisaram de uma ou duas tentativas para acertar – incluindo atos anteriormente conhecidos como Mammoth ou Adrian and the Pendletones.

Pense bem: o Creedence Clearwater Revival poderia ser tão eficazmente evocativo dos bayous do sul se eles fossem os Blue Velvets? Ozzy Osbourne teria se tornado o Príncipe das Trevas se o Black Sabbath tivesse um nome menos misterioso, como Earth?

Às vezes, as mudanças de nome eram precipitadas pela adição ou subtração de membros. Confira, por exemplo, bandas que começaram como Smile (Queen), The Jam Band (Aerosmith) ou Tony Flow and the Miraculously Majestic Masters of Mayhem (Red Hot Chili Peppers). Em várias ocasiões, esses artistas já haviam embarcado na carreira de gravadoras antes de decidir o nome que mais tarde lhes traria fama internacional.

Autoral ou cover?

A eterna briga que os aspirantes a músicos fazem: a banda deve começar com covers ou já com material próprio logo de cara?

Se você é do tipo puritano e quer extravasar sua veia artística, com certeza vai preferir começar com material autoral. Mas há dois pontos a serem levados em consideração: a receptividade do público e o nível de maturidade que seu som deve ter.

Não ache que você vai criar de cara uma canção que vai vender milhões. O material deve ser trabalhado com diversos públicos para medir a reação. E quanto mais diversificado, melhor: não são apenas seus colegas de estudo ou seu círculo familiar que devem ser consultados. Saia de seus círculos de conhecidos e tente apresentar para aqueles que nem sabem quem você é. Os resultados são mais confiáveis.

Se você prefere começar com algo que lhe dê grana de cara, não há outro caminho: tem que ser como banda cover. A vantagem: vocês ensaiam músicas de terceiros e amadurecem tempo de palco e técnica musical, além de terem uma demanda constante em barzinhos. Desvantagem: pouco tempo para material autoral.

Estes são os primeiros passos. A partir daqui, a coisa começa a decolar. A seguir vamos enfocar entrosamento de grupo e multi instrumentalismo. Até lá!

 

 

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