No fim de outubro, a ABMI (Associação Brasileira da Música Independente) apresentou uma pesquisa que apontava um crescimento da participação de artistas independentes brasileiros nas plataformas de streaming.
A Pesquisa do Mercado Brasileiro de Música Independente foi realizada em duas frentes, a primeira é uma análise dos dados de 2019 e parte de 2020 das principais plataformas de streaming, e, a segunda, foram entrevistas com 60 empresas entre editoras, produtoras de eventos, produtoras audiovisuais e estúdios.
“Estamos felizes em poder compartilhar os resultados da nossa pesquisa, que revela dados importantes para entendermos melhor a dinâmica do mercado. Assim, podemos ser mais eficazes ao orientar os profissionais da indústria. Os independentes estão ganhando cada vez mais espaço e entram na disputa pelo topo das paradas de sucesso. A democratização proporcionada pelas plataformas digitais de áudio tem sido muito benéfica para produtores e artistas independentes”, afirma Carlos Mills, Presidente da ABMI.
De acordo com a pesquisa, 53% dos 200 principais artistas ouvidos em 2019 nas plataformas eram independentes. O número divulgado pela ABMI inclui artistas ligados a gravadoras e selos independentes, além de artistas auto-produzidos.
IMPACTO
O primeiro ponto a ser explicitado, é que esses números não dizem respeito unicamente a artistas dentro do mundo roqueiro. Assim, é preciso entender que o independente se dilui entre vários estilos.
Em seguida, apesar de o número parecer bom, uma análise mais aprofundada sobre ele nos demonstra que a vida dos independentes no ambiente virtual está longe de ser um mundo de maravilhas.
Um dos motivos é a queda das grandes gravadoras e a facilidade de produção independente, portanto, o número de artistas que fazem parte desse nicho é imensamente maior do que os artistas assinados por grandes gravadoras. Assim, apesar de ter espaço, ele é muito diluído e o repasse de verbas para a grande maioria é muito pequeno.
Dessa forma, esse estudo expõe aos artistas independentes que, é importante saber trabalhar sua presença virtual e galgar espaço. Mesmo que exista uma grande “concorrência”, não existe limite de espaço a se ocupar.
Em outro ponto da pesquisa, quando olhamos para empresas que trabalham com música independente, os principais pontos analisados são a necessidade de adaptação ao digital, ou seja, precisarão entender as necessidades e complexidades desse mundo, e trabalhar em ampliar seus números, não só artistas, mas também do público.
“Elas [as empresas] são fundamentais para entendermos a dinâmica da música independente, as oportunidades que se abrem a partir da nova onda de digitalização do ambiente e os desafios que vamos enfrentar. Especialmente agora num momento pós-pandêmico em que o consumo da música digital se ampliou para um patamar que deve se manter muito alto,” aposta Leo Morel, Coordenador da pesquisa.
A ABMI é uma associação fundada em 2002 e trabalha com o objetivo de promover a integração entre o mercado brasileiro de música gravada ao mercado mundial. O estudo teve as empresas internacionais Chartmetric e Counterpoint como responsáveis pelo levantamento de dados quantitavos e a brasileira LV Pesquisa realizou o trabalho junto às empresas.